segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os prazeres de viver cada idade

Queremos tanto chegarmos a velhice, vivermos muitos anos. Mas esse querer parece nos causar medo. Os sinais do tempo, as rugas, a ausência da jovialidade nos remete a um assustado mundo.
O prazer de viver muito some quando nos deparamos com a vaidade, e assim num passe de mágica nos questionamos o porquê  de sermos eternamente jovem. É muito contraditório querermos viver tanto tempo e não envelhecer, então ficamos como louco a procura de uma juventude julgada perdida. Perdida por quê? Tivemos no tempo estabelecido a idade vivida, e nesse elixir de sobrevivência não se tem a porção do viver jovem eternamente.
Agora pense: que graça teria sermos sempre jovens?
O que teríamos para contar das experiências vividas?
Como avaliar os erros e crescer com eles?
Digam-me, não adquirimos isso com a idade? Não é através dos anos que vemos as novas gerações, vemos nossas mudanças, os avanços sociais e tecnológicos e muitas transformações que nos levam a progredir?
Temos nossas frustrações? Sim, temos. Mas devemos aprender com elas. Cobramos respeito sempre mas temos dificuldades de respeitar.
Se envelhecer ou viver muitos anos é nossa meta, por que ter medo?
O que causa medo é envelhecer ou o que esse envelhecimento causa na nossa vaidade?
Será que encaramos com tanta naturalidade a ausência de energia, diminuição na libido, as rugas, as mamas caídas, a falta de ereção, as pernas sem a musculatura rígida, os braços com muita pele, o bumbum sem saliência que desperte atenção. Então, de que é mesmo o medo: de envelhecer ou da realidade que esse envelhecimento nos causará?
Por que não começamos a pedir saúde sempre, independente da idade, entendendo que só com muita saúde teremos força de compreendermos as etapas de vida como crescimento. Perder a juventude não significa perder a vaidade. Temos que ensinarmos uns aos outros o respeito com os seres humanos, sem pensar em idade. E olharmos para os idosos que nos cercam como alguém que já viveu muito e que podem nos ensinar muito também. Pensando que as idades chegadas, são anos vividos e não desperdiçados. E também se queremos vida longa, que venha a longa vida!
Fica a sugestão desse espaço que também é seu.
Que tal deixarmos o termo velho para trás? Chamarmos de idoso. Afinal, velho é aquilo que não queremos, que sempre jogamos fora. E com certeza não é isso que queremos para nós quando chegarmos a uma avançada idade.

Um comentário:

  1. Só lamentamos aquilo que nos faz falta, Maria. Eu, por exemplo, penso que estaria feliz, mesmo envelhecida, se pudesse caminhar sem a artrose me atormentando e travando meus passos. A vaidade, esta que eu tinha muita, pouco importa a essas alturas. Mas, recém saída de uma cirurgia de mama (carcinoma), não é, para a minha surpresa, a doença que me preocupa e perturba. O que entristece é a solidão, o não ter em uma cidade grande vizinhos para trocar receitas por cima da cerca. Para encontrar as amigas, é preciso combinar, programar. Outra coisa é a perda das raízes: pais, parentes queridos que vão indo antes da gente, deixando um rastro de nostalgia que não temos como apagar.
    És arteterapeuta? Minha filha também. É um trabalho gratificante.
    Um abraço

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